A árvore de Natal e dos inesquecíveis tempos de criança

A comunicação é muito impactante com o uso de símbolos, os quais, para além do seu significado real, transmitem mensagens por meio de metáforas visuais que apelam para o nosso emocional. Nesse sentido, a árvore de natal é um dos símbolos mais populares, tanto para promover o nascimento de Jesus, como para estimular a venda dos presentes de fim de ano. A árvore de natal, com o seu duplo caráter, segrado e profano, é um símbolo da fé e do consumo.

Mas isso não importa, porque quando bate o espírito natalino, com toda a sua magia, é hora de montar a árvore de natal, como aconteceu á alguns dias, quando a Ana e os nossos filhos, Lia e Alberto, me convocaram para ajudar na arrumação da nossa árvore, uma bonita árvore de polietileno, comprada em uma loja do Iguatemi, que exige pouquíssimo tempo e nenhuma habilidade para encaixar os seus verdes e inodoros galhos em um tronco cinza.

E ao me ver ajudando na montagem da nossa árvore veio a lembrança da árvore de natal dos meus tempos de criança, que era montada num galho seco, obtido nas matas ralas dos arredores de Mucambo. Esse galho era enrolado com tiras de papel crepom verde, enfiado numa lata cheia de areia, recoberta com papel colorido, e enfeitado com caixinhas embrulhadas em papel de presente de diferentes cores e bolinhas vidrentas de cores e tamanhos variados.

Por fim, para simular a neve em plento sertão nordestino, como na terra do papai Noel, alguns tufos de algodão era pendurados no galho seco. Mas a montagem da árvore de natal dos meus tempos de criança só terminava quando, na sua parte mais alta, era colocada uma singela estrela de cauda, feita por nossa mãe, com paciência, papel prateado e uma tesoura. E assim ficava pronta a árvore da nossa família, feita a várias mãos, com um galho seco e muito amor.

Há, porém, um algo mais a ser dito sobre a árvore de natal: mais que um símbolo da fé e do consumo, ela é mensageira daquilo que Chico Buarque chamou de “tempo da delicadeza”, quando a civilidade, na sua plenitude, faz morada em nosso coração, nos transformando, verdadeiramente, em homens de boa vontade, porta-vozes da esperança de um tempo melhor, que se traduz na clássica mensagem da cristandade: “Feliz Natal e um próspero Ano Novo”.

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