A ficção científica dos meus tempos de criança tornou-se realidade e hoje uma pessoa em Mucambo pode conversa, olhando nos olhos, com outra pessoa que esteja no Carqueijo, em Florianópolis, na Flórida ou na Cochinchina. Basta que ela faça uma chamada de vídeo na telinha do seu celular. Simples assim.
Isso mesmo! O avanço tecnológico dos meios de comunicação eliminou pequenas distâncias e as distâncias planetárias, transformando o mundo numa aldeia global, conforme a previsão feita por Marshall McLuhan, na sua clássica obra A Galáxia de Gutemberg. O fato é que nos dias de hoje, do sertão do Ceará pode-se falar com todos os lugares, nos quatro cantos do mundo, coisa que não acontecia em um passado não muito distante, quando o mundo só chegava em Mucambo pelas ondas médias e curtas do rádio AM e pelo bip-bip do telégrafo do seu Odilon, de saudosa memória. E se o rádio era a janela para o mundo, em Mucambo a nossa janela era a Rádio Tupinambá de Sobral, a emissora de rádio com a maior audiência em todas as cidades da zona norte do Estado do Ceará.
O fato é que os acontecimentos do mundo chegavam a nós pelas ondas do rádio AM e foi sentado em frente a um aparelho de rádio SEMP que eu “assisti” a Copa de 1966, na Inglaterra. Lembro da estreia do Brasil vencendo a Bulgária por 2 a 0, seguida pela derrota para Hungria e pela vergonhosa desclassificação contra a seleção de Portugal. Mas o passado radiofônico mais presente para mim é a lembrança auditiva do programa O Seu Presente é Música apresentado todas as tardes pelo radialista Atibone Ximenes, na Rádio Tupinambá de Sobral. E não era preciso ficar em casa para ouvir o programa, porque em todas as casas da vizinhança o rádio estava ligado na Tupinambá e da calçada a gente escutava todas as tardes as mesmas músicas, que ficaram guardadas em nossas memórias.
Hoje, passados tantos anos, ainda lembro das mensagens que eram lidas pelo locutor do programa: “João Clementino, que trabalha de garçom, no Rio de Janeiro, oferece esta linda página musical para a sua namorada Lúcia Helena, que mora no Engenho Queimado e lhe espera com muita saudade”. Aí tocava o Baião da Saudade, com o Nóca do Acordeom, ou outra música qualquer, que ia direto para os nossos corações, para nunca mais serem esquecidas. Nunca!
 
			 
				 
										 
										